Betty: “Eu me odeio por ser tão feia.”
Conselheiro: “Mas Betty, se você realmente odiasse a si mesma, você ficaria feliz em ser feia. Na verdade, você pode até procuraria maneiras de se tornar mais feia… Se você realmente odiasse a si mesma.”
Dr. John Street, um dos meus professores no The Master’s College, contou-nos essa história enquanto dava uma de suas aulas no programa de Mestrado em Aconselhamento.
You may want to read:
Eu nunca esqueci a ironia da ilustração. Ele disse que a cena era uma história verdadeira.
Se era verdadeira ou não, eu não sei; mas a lógica é clara.
Betty tinha caído na armadilha cultural de buscar a boa aparência, como propagada pelos gurus da auto-estima que patrulham as águas da psicologia popular espalhando sua psicologia distorcida.
A verdade sobre Betty é que ela é tão apaixonada por si mesma que ela odeia o fato de que é feia. Pessoalmente, eu não tenho certeza do que significa a palavra “feia” quando aplicada à aparência das pessoas. As pessoas não são feias.
Suponho que se você abraçou a visão cultural de beleza e feiúra, então você pode julgar as pessoas como bonitas ou feias. A Bíblia não fala neste tipo de linguagem, porque isso é irrelevante. Abraçar essa visão cultural de mundo é se dispor para a servidão pessoal.
Por diversas razões tornamos a beleza relevante e demos o direito de julgar a beleza física aos “deuses da beleza”. Betty fez isso. Sua linha de raciocínio é a seguinte:
Mas uma avaliação honesta seria mais ou menos assim:
Na realidade ela está apaixonada por si mesma.
A verdade é que Betty abraçou a mentira cultural a respeito de como deve ser a beleza aceita e ela quer ser bem recebido por seus pares. Betty acredita que sua aparência não atende às expectativas culturais.
Portanto, ela vai se apertar, pressionar, aparar, cortar e pintar em um molde que ela espera será aceitável àqueles que avaliam tais coisas.
Betty é uma adoradora e a triste verdade é que ela está adorando a si mesma.
Pessoas como Betty estão mais preocupadas com a opinião das pessoas sobre elas do que a opinião de Deus sobre elas.
Betty é mais controlada pelo medo do homem do que pelo temor de Deus (Provérbios 29.25). Em sua teologia prática, Deus não é tão importante para ela como as pesquisas de opinião pública.
Ela abraçou a teologia do nosso mundo que propaga o homem auto-realizado, ensinando que você deve ter uma opinião elevada de si mesmo. O Movimento de Auto-Estima é um dos principais proponentes desta teologia de psicologia clínica culturalmente fundamentada.
Ante este movimento, alguns versículos da Bíblia parecem fora de moda e contra-intuitivos.
Aqui estão alguns textos sobre auto-estima:
“Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6, NVI).
“Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniqüidades nos levam para longe.” (Isaías 64.6, NVI).
“Como está escrito: ‘Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer’” (Romanos 3.10-12, NVI).
“Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1 Timóteo 1.15, NVI).
“O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17.9, NVI).
Auto-estima é a idéia de admirar a si mesmo. Esta prática é um dos mais prejudiciais conceitos propagados em nossa cultura hoje. Infelizmente, muitos cristãos têm assimilado este ensinamento anti-bíblico.
É comumente noticiado como a resposta para pessoas com problemas, especialmente aqueles que lutam com culpa, vergonha, medo, ou insegurança.
Através de uma lente bíblica
De uma perspectiva bíblica o termo “baixa auto-estima” tem alguns problemas inerentes. Por exemplo, se a baixa auto-estima for o problema com um indivíduo como Betty, então a solução seria levantar-lhe a auto-admiração. Ela teria necessidade de se amar mais.
Você consegue discernir algo de errado com essa solução?
Amar ou apreciar-se mais só a levará a mais autoconsciência dolorosa ou a ilusões de grandeza, pensando ser alguém, quando na realidade ela não é.
Se o problema fosse não gostar de si mesma, então, pensar mais sobre si mesma não iria libertá-la, mas apenas escravizá-la mais. Um dos enganos da auto-estima é que somos convencidos de que precisamos pensar melhor sobre nós mesmos, quando, na realidade, já estamos consumidos conosco mesmos, como no exemplo de Betty.
Tentar levantar sua auto-estima conduzirá inevitavelmente ao individualismo. Individualismo sempre leva a uma competitividade ímpia que coloca pessoa contra pessoa. Um dos enganos da auto-estima que Betty poderia aplicar a si mesma é comparar-se com outras mulheres.
Se ela puder garimpar algum defeito nelas, então ela se sentiria melhor consigo mesma. Auto-estima leva você a amar menos a Deus, enquanto observa o seu próximo com todo o seu coração, alma, mente e força.
Ao tentar elevar a sua própria auto-admiração, o objetivo principal de Betty na vida não poderia ser amar a Deus e seu próximo. Sua busca de auto-estima elevada diminuirá os dois grandes mandamentos (Mateus 22.36-40).
Ajude-me a levantar minha auto-estima
Auto-estima se alimenta do que os outros pensam de nós. Se as pessoas pensam bem de nós, então nos sentimos melhor. Se criticam, ridicularizam ou tiram sarro de nós, então não nos sentimos melhor.
Ao acatar o conceito de auto-estima, temos de permitir que outros nos controlem por sua opinião boa ou má. É por isso que Betty está paralisada por sua aparência. Ela precisa de outros para confirmar aquilo de que ela está tentando convencer-se, a fim de que a auto-estima realmente funcione.
Se outros a humilharem, ridicularizarem ou a acharem feia, isso seria contra-produtivo para sua agenda de auto-estima elevada. Para a auto-estima lhe dar ao que promete, Betty precisará que outros concordem com ela e a estimem do jeito que ela está tentando se estimar.
Se os outros não cooperam, não a amando do jeito que ela ama a si mesma, então ela terá que trabalhar duro em dobro na estima de si mesma. Ou ela terá que trabalhar duro em dobro em se transformar em algo que os outros achem mais atraente, a fim de induzi-los a aceitá-la, para que ela se senta melhor sobre si mesma.
É tudo muito exaustivo.
E se nós diminuíssemos sua auto-estima?
Biblicamente, a auto-estima é chamada de “medo do homem”. É também conhecido como vergonha. Você pode entender o termo como insegurança ou co-dependência. É basicamente uma pessoa que é controlada ou intimidada pelas opiniões, perspectivas ou pontos de vista que os outros têm sobre elas.
Em suma, o que os outros pensam do “auto-estimado” tem mais poder de controle sobre ele do que o que Deus pensa dele. Medo do homem ou insegurança coloca a opinião do homem acima da opinião de Deus.
“Quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro” (Provérbios 29.25, NVI)
A insegurança ou medo do homem diz: “Eu vou me sentir melhor se você gostar de mim. Se você me rejeitar, então eu me sentirei mal. Eu preciso que você goste de mim”. A auto-estima é alimentada pela opinião dos outros.
Se sentir-se bem consigo mesmo é dependente da atitude de seus pares em relação a você, então seus colegas controlarão seus pensamentos e emoções simplesmente permitindo que você saiba qual a opinião deles a seu respeito.
Se eles dizem que você é legal, então você se sente bem. Se eles dizem que você não é legal ou lhe dão os polegares para baixo, então você se sente mal. Se você abraçar a versão de vergonha em nossa cultura – a baixa auto-estima – então você está mergulhando de cabeça numa armadilha.
A resposta não está na forma como a humanidade nos vê, mas numa crescente consciência de que estamos nus diante de Deus e devemos ser revestidos da justiça de Jesus Cristo (Gênesis 3.7).
Nós não temos um problema de baixa auto-estima, o verdadeiro problema é auto-estima elevada. Baixa auto-estima implica pensar pouco de si mesmo. Jesus é o maior exemplo disso (Filipenses 2.5-11).
Auto-esquecimento é o melhor ponto de partida para servir os outros (Marcos 10.45).
O fim da estrada para a auto-estima elevada é suicídio
Os pensamentos de Suzy sobre si mesma giravam ao seu redor… o tempo todo. Sua mente era um ciclo interminável de pensamentos sobre si mesma.
E foi entrando, entrando e entrando num emaranhado labirinto de dolorosa auto-consciência.
Ela se preocupava com como se encontraria com os outros. Sempre que ela saía de uma reunião social ela entraria em sua rotina de leitura da mente: imaginando os pensamentos dos outros sobre ela.
Suas interpretações cuidadosamente construídas e muitas vezes errôneas apenas levavam a mais desespero. Suzy morreria se soubesse, mas as pessoas raramente pensavam tanto nela. Estavam muito ocupados com suas próprias vidas para ficar pensando nela.
A primeira sessão de aconselhamento de Suzy
Durante sua primeira sessão de aconselhamento, o conselheiro disse a Suzy que ela sofria de baixa auto-estima. Ele tentou motivá-la a pensar mais elevadamente sobre si mesma; mas, sem querer, estava levando-a a uma armadilha inescapável.
Sua mente já era consumida consigo mesma e o conselheiro a estava empurrando de volta para dentro de si para pensar mais sobre si mesma.
Quanto mais Suzy pressionava seu conflito interno na tentativa de envolver sua auto-aversão com pensamentos de atitude mental positiva, mais ela se tornou ensimesmada e desagradável.
Seu desajustamento social apenas afirmou o que ela já acreditava sobre si mesma: que ela era exatamente o que ela sempre pensara que os outros pensavam dela. Com o passar das semanas Suzy se tornou mais exasperada, exausta e isolada de seu mundo.
A pessoa com auto-estima elevada é consumida com o eu, o que inevitavelmente leva ao afastamento da comunidade. Centrar-se em Cristo e nos outros conduz à comunidade.
Embora ela estivesse funcionando num certo nível em sua comunidade, ela mentalmente tinha desconectado de seu mundo, optando por viver de forma mecânica.
O fim da estrada
Três meses depois de sua sessão de aconselhamento, Suzy cometeu suicídio. A reportagem no jornal local disse que Suzy sofria de uma baixa auto-estima. Na realidade Suzy sofria com a força cega e penetrante da auto-estima elevada.
Seus pensamentos sobre si mesma saltavam para fora da moldura do gráfico. Mentalmente, ela tinha-se isolado de sua comunidade e se tornou uma pessoa retorcida, auto-absorvida, irritada, que não encontrou mais nenhuma razão para viver.
Ela inevitavelmente voltou-se tanto para dentro que de sua perspectiva parecia não haver esperança. Infelizmente para Suzy, ela estava olhando na direção errada.
A pessoa que abraça o paradigma da auto-estima elevada mergulhará de cabeça na armadilha do individualismo insaciável conforme tenta se elevar a um nível perigoso de auto-consciência.
Olhe para cima, e não para dentro
Suzy precisava olhar para fora de si mesma, a fim de descansar na realidade daquele que é muito superior. Cristo é a resposta para o contentamento interior e significado exterior.
Estar em Cristo é ser tudo que você pode ser, que é o melhor que você pode ser. Jesus veio para nos resgatar de nós mesmos, não para nos voltar para nós mesmos. Olhar para dentro para elevar a nossa estima de nós mesmos vai levar à vertiginosa decepção.
Suzy tentou fazer seu próprio caminho para alcançar a altura inatingível de tudo o que ela poderia ser e foi achada em falta. Na sua perspectiva não havia razão para viver. E ela pensou que estava indo em direção à luz.
Na realidade, ela se auto-enganou se escravizando a si mesma, enquanto mergulhava de cabeça na escuridão de sua confusão interna. Nunca lhe contaram sobre um Salvador que veio para libertar os cativos.
“Então Jesus disse aos seus discípulos: ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará’” (Mateus 16.24-25, NVI).
Auto-estima: uma viagem perigosa
Suzy era exatamente o oposto de João Batista e do apóstolo Paulo:
João Batista disse: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30, NVI).
Paulo disse: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1 Timóteo 1.15, NVI).
Aqui está uma pergunta para você: Você acha que João Batista ou Paulo sofriam ou lutavam com a falta de auto-estima?
Acredito que se você lhes perguntasse, eles não iriam entender o que você estava perguntando. Este tipo de linguagem entrou em nosso vocabulário cristão durante as últimas décadas do século passado.
Partindo de uma perspectiva cristã histórica, a nossa auto-estima não era uma consideração comum ou uma parte normal da compreensão e prática de santificação cristã.
Qualquer cristão que defenda um lugar de destaque para a auto-estima em nossa compreensão e prática da santificação está fazendo uma montanha de um punhado de terra, porque a Bíblia não fala desta questão da forma como eles estão argumentando.
Sua argumentação principal vem da influência de livros de psicologia que foram escritos no século 20.
E quanto a ser feito à imagem de Deus?
O mais próximo que você pode chegar da auto-estima na Bíblia é a partir do argumento de sermos feitos à imagem de Deus. Todos os seres humanos são feitos à imagem de Deus. Deus criou o homem em Gênesis 2.7.
Nós somos advertidos em Tiago 3.9 que não devemos ficar com raiva uns com os outros porque somos feitos à semelhança de Deus. Isso é verdade, mas entendo que é intelectualmente desonesto colocar a ênfase primária destes textos sobre a pessoa.
Certamente não era esta a intenção dos autores.
Ser feito à imagem de Deus não seria de valor algum se Deus não fosse valioso. A pintura encontra o seu valor no artista que pintou. Se o artista é famoso, então a pintura é valiosa.
O ponto de destaque é principalmente sobre o pintor, não a pintura. Quando você anda em um museu para admirar uma pintura você diz:
“Eu vi ‘Auto-retrato de boca aberta’!”
Ou você diz: “Eu vi um Rembrandt!”?
A primeira é uma pintura, por volta de 1629. O segundo é o pintor que pintou. Este último faz com que o primeiro tenha valor. Embora eu jamais negasse o valor de uma pessoa – Gênesis e Tiago o proíbem – creio que é um tanto equivocado esculpir uma visão de mundo psicológica baseada nesta noção.
O problema é que o ponto de ênfase sutilmente desliza do artista que fez a imagem para a própria imagem. Isso também aconteceu na música cristã. A ênfase mudou de “quem é Deus e o que ele fez” para “o que nós temos e como é maravilhoso”.
O pior cenário é a tentação de adorar e servir a criatura em lugar do Criador (Romanos 1.21-25). Em 15 anos de aconselhamento a pessoas que são inseguras, eu nunca vi uma pessoa resolver seus padrões de pensamento inseguro, sem acatar o conselho de João: “É necessário que ele cresça e que eu diminua”.
Se você é tímido, inseguro, co-dependente, ou luta com pressão do grupo – o termo bíblico para todas estas questões é o medo do homem; então deixe-me exortá-lo a pensar menos freqüentemente sobre si mesmo, a não se preocupar se você tem valor ou não, e a engrandecer Deus.
Se Deus cresce em seus pensamentos, você inconscientemente compreende o seu próprio valor. A pintura se sente bem consigo mesma quando o pintor entra na sala. Ame, louve e adore o Pintor muito mais do que a si mesmo, e você vai ficar bem.
O melhor tratamento sobre o tema do medo do homem que conheço está no livro de Ed Welch: “Quando as pessoas são grandes e Deus é pequeno”, publicado em português pela Editora Batista Regular.
Rick launched the Life Over Coffee global training network in 2008 to bring hope and help for you and others by creating resources that spark conversations for transformation. His primary responsibilities are resource creation and leadership development, which he does through speaking, writing, podcasting, and educating.
In 1990 he earned a BA in Theology and, in 1991, a BS in Education. In 1993, he received his ordination into Christian ministry, and in 2000 he graduated with an MA in Counseling from The Master’s University. In 2006 he was recognized as a Fellow of the Association of Certified Biblical Counselors (ACBC).